Em 2017, quando comecei as primeiras linhas de 180, Eduardo dos Santos Pereira cumpria os primeiros dos 108 anos de prisão que a justiça imputou-lhe por ser mentor do estupro coletivo seguido dos feminicídios de Izabella Pajuçara e Michelle Domingos, na cidade de Queimadas (PB), em fevereiro de 2012. A pena faz jus à atrocidade cometida por ele e seus cúmplices que forjaram um assalto em meio à festa de aniversário de seu irmão, Luciano dos Santos, sob pretexto de presentea-lo com o sexo sem consentimento de suas amigas - sim, amigas de infância até, pessoas de seu convívio, vizinhas!
Em 2020, Eduardo fugiu pela porta da frente da Penitenciária de Segurança Máxima de João Pessoa, capital da Paraíba. Máxima também fora a frustração das famílias vitimadas pelo do crime e a sensação de impunidade que abateu sobre nós mulheres. O feminicídio, meus caros, não é deveria ser definido tão somente como um crime contra a vida de uma mulher - é o reflexo de uma sociedade adoecida pela misoginia que despreza a vida das mulheres, de TODAS as mulheres e, por isso, no Brasil desde 2015 é qualificado como hediondo.
Hoje, 19 de março de 2024, uma operação conjunta das polícias da Paraíba e Rio de Janeiro, capturou Eduardo que se encontrava foragido em Rio das Ostras, depois de passar períodos na Rocinha e Macaé. Assisti por diversas mídias ele sendo conduzido pelos agentes policiais e pela TV vi a fortaleza de Isânia Monteiro, irmã de Izabella, que desde o momento em que o crime aconteceu luta incansavelmente por justiça. Assisti ao depoimento de Dona Maria José Domingos, mãe de Michelle, que esboçava no semblante um leve alívio da dor que lhe consome há 12 anos, porque o feminicídio é, meus caros, um vazio infinito que vitimiza também as famílias das mulheres.
180 - Feminicídios É TAMBÉM SOBRE ISSO!
Mais sobre:
Prisão de Eduardo
Cronologia do Crime
Komentáre